Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

23 dezembro 2006

Boas Festas!



Feliz Natal a todos! Que Ele, a verdadeira Luz deste Natal, seja acolhido no vosso coração, e encontre na vossa vida espaço para brilhar!

20 dezembro 2006

Fazer do mundo um lugar feliz...


Corro. Descanso. Recomeço. O tempo passa-me por entre as mãos, deixo-o fugir, afinal ele tem como que uma capacidade de se "ir" por entre o bater do coração dentro do peito. Passa cada dia, cada semana, cada mês, finalmente mais um ano... Hoje penso no tempo. O tempo da minha vida, da vida que não corre, da vida que apenas passa, cada dia, sem que eu lhe dê tempo. Sim... sem que eu lhe dê tempo. Por isso exclamo como tantos outros: "a vida passa rápido", "o tempo voa", "não sei como foi, mas nem dei pelo tempo passar"!!! Um dia destes um amigo disse-me que se eu não desse tempo à vida, a vida iria dar-me o tempo que eu devia ter tido, mas à força... isto é, ou eu dou espaço a mim mesmo, ou a vida encarregar-se-á de arranjar esse tempo e esse espaço, ou somente espaço (o espaço na vida é o próprio tempo...), da forma que menos me convirá... novamente sem ter tomado a minha vida nas mãos... "Agarra a tua vida", disse-me, em jeito de conselho e de desafio... daquele jeito que um verdadeiro amigo aconselha e ao mesmo tempo semeia o desafio para a aventura... Agradeço-te, amigo, por me teres alertado para uma possibilidade que me passara completamente ao lado, não porque não soubesse, mas porque "tinha mais que fazer". Claro que sei que não posso ter tempo para os outros se não tiver tempo primeiro para mim, não por uma questão de egoísmo, mas porque o ser humano é assim, somos assim, eu sou assim... preciso em primeiro lugar de olhar para dentro de mim, de parar, de aquietar as águas, e depois então poderei ajudar alguém... Depois todo o trabalho para os outros fará sentido... porque antes eu tenho sentido...

Partilho ainda mais alguns pensamentos, que me vão animando por dentro! O verdadeiro sentido de humildade... Li algures que humildade, etimologicamente procede de "humus"( grande novidade!!!, dirás)... mas a novidade não está em descobrir que é o mais baixo e discreto, aquilo que pisamos com os pés, mas sim em que a sua vocação, a vocação de humildade, consiste em produzir... tal qual o húmus faz nascer e germinar a semente...

Ainda distraído, algures numa parede, encontrei a frase "sós encontramos a solidão, juntos descobrimos o amor"...

Mas o que quer dizer o título do "post", perante toda letra que deixei até aqui? É que com estas ideias que me "animam", e que me fazem de facto pensante, penso que posso fazer do mundo um lugar feliz... porque Eu posso ser feliz e fazer os outros felizes... sendo humilde, dando-me tempo, procurando nao construir a solidão, mas antes na proximidade (do próximo) construir o amor.

13 dezembro 2006

Partilha

Alguém hoje partilhou comigo este belo texto de Tagore, que partilho agora com todos aqueles que o quiserem ler e, lendo-o, se sintam seres animados pensantes!!!

Morria a noite... Um murmúrio corria de boca em boca:

O MENSAGEIRO! O MENSAGEIRO! AÍ VEM O MENSAGEIRO!

Inclinei a cabeça e perguntei: Vem já?

De todas as partes parece que estalava o Sim da resposta.

O meu pensamento, atormentado, dizia:

Não tenho ainda pronta a cúpula do meu palácio, nada está completo.

Veio uma voz do céu: Derruba o teu palácio.

Porquê? perguntou o meu pensamento

Porque hoje é o dia da chegada

E o teu palácio estorva a passagem!

07 dezembro 2006

Advento: O SENHOR VEM! (II)

Quando agora nós celebramos em cada ano o Advento, centrando o nosso olhar na espera e na preparação da vinda de Jesus, não queremos simular que Ele ainda não veio, como se Ele ainda tivesse que vir. Somos os Seus seguidores, transformados pela Sua Morte e Ressurreição, os que recebemos o Seu Espírito para que continuemos a Sua obra. Então o que significa preparar esta vinda?
Várias coisas... Em primeiro lugar significa, paradoxalmente, olhar para trás, para aquele acontecimento transcendental de há dois mil anos, para o reviver-mos com toda a intensidade. Este é um facto decisivo: Deus fez-Se Homem. Veio viver a nossa própria vida, entrou na nossa história para nos abrir um caminho que nos pudesse libertar do mal e do pecado, Deus fez Sua a nossa debilidade – a nossa carne, diz o Evangelho de João – e fez dela vida plena, vida divina.
Para podermos celebrar tudo o que o Natal significa, precisamos de ter em nós uma atitude de espera, de desejo da vinda do Senhor. Pois sem este desejo, sem estarmos convencidos que necessitamos libertação, transformação da nossa vida humana, se não vivermos profundamente o anseio de Deus e sem estarmos dispostos a acolher Alguém que nos mostre uma nova maneira de viver, que sentido teria celebrar o Natal?
Por tudo isto necessitamos de esperar e desejar a vinda do Senhor, vivendo os sentimentos do Povo do AT que espera e deseja a vinda do Messias. Pela voz dos profetas, escutamos na liturgia este desejo e necessidade de Israel daquele que seria capaz de fazer nascer uma nova maneira de viver entre os Homens, que livraria do mal e da dor, enchendo o mundo do Amor e da Misericórdia de Deus, fazendo nascer no coração dos homens, duro em acolher estes sentimentos, sentimentos de justiça e de bondade. Assim unimo-nos aos profetas, à sua espera e confiança que o Messias virá. Apesar de O sabermos já presente, continuamos também nós a precisar que Ele actue em nós e mude os nossos corações, que actue no nosso mundo e mude tanta injustiça, tanta opressão, tanta desigualdade, tanto desespero...O tempo de Advento traz-nos também um convite a que nos coloquemos no lugar de Maria, a Virgem Mãe de Deus. Ela é nestas semanas, sem dúvida, o grande modelo. Maria sabe-se pobre e frágil, como parte do mundo também ele pobre e frágil, carenciado da acção de Deus que salva...Ela deseja como ninguém que os pobres possam levantar a cabeça e que este mundo seja libertado da dor e do mal que o atormenta. Ao mesmo tempo está disposta a colaborar neste projecto, e aceita ser Mãe do Messias. Abriu o seu coração á força de Deus que actua e por mediação da qual as esperanças dos profetas se tornarão realidade. Maria trará então ao mundo o Filho de Deus, Deus feito Homem. É para nós modelo de abertura a Deus, para tornar possível a Sua vinda e modelo de esperança gozosa do Deus que vem.

04 dezembro 2006

Advento: O SENHOR VEM! (I)


São quatro as semanas que antecedem o Natal, e as que dão início a um novo ano litúrgico, durante o qual preparamos a vinda de Jesus Cristo. O que quer dizer para nós, crentes do séc. XXI, isto? Preparar a vinda de Jesus Cristo?
Certamente não temos que fingir que Ele ainda não veio ao nosso mundo, tal como se fossemos os homens e as mulheres do Antigo Testamento que esperavam a chegada do Messias. Jesus Cristo já veio. Deus já se fez Homem, e com a Sua vinda, transformou já a nossa história e a nossa vida. Este é um facto que aconteceu há já dois mil anos, num lugar concreto, no meio de um povo concreto. E foi o Menino que nasceu que iniciou um caminho do qual todos nós somos herdeiros. Fez-se Homem, percorreu a Galileia e a Palestina, de uma forma nova, abriu caminhos inesperados. Anunciava o Amor de Deus – o Reino de Deus – que se estava a converter em realidade plena para todo aquele que o quisesse viver. Bastava mudar o coração, dispor-se a amar, ser capaz de renunciar à riqueza e ao poder, defender os mais fracos, não concordar com a opressão, deixar toda e qualquer segurança humana, e não ter outro apoio senão Deus. Além de anunciar, tornou realidade o que proclamou: abriu os olhos aos cegos, curou os doentes, levantou o ânimo aos abatidos, trouxe de novo os marginalizados, libertou a mulher adúltera daqueles que em nome da Lei a queriam apedrejar...
Todos se sentiam atraídos por este Jesus, uma multidão imensa seguiu-o. Não percebiam claramente o que dizia. Sentiam e experimentavam que naquele pregador havia uma força que fazia viver, que renovava o sentido às coisas, Nele, Deus tornava-se próximo. Acabou cravado numa cruz pois para Ele não havia nada maior que o amor, nenhuma Lei lhe passava adiante. Ora isto colocava em causa demasiadas coisas e autoridade... era verdadeiramente insustentável. Tornou-se então, para os responsáveis de Israel e para os governadores romanos, imprescindível liquidá-lO. Permaneceu fiel ao caminho que traçou, mas acabou pregado numa cruz. Como é contraditório o ser humano... Contudo o amor de Deus é sempre mais forte que o mal e a morte dos homens, e Jesus, o Filho do Deus-Amor, vence as cadeias da morte ressuscitando glorioso, e aqueles que o tinham seguido, experimentaram a Sua presença e receberam o Seu Espírito.
Desde então este grupo foi crescendo, e hoje somos Igreja à imagem daquele grupo de discípulos, continuando o que Jesus Cristo, esse Menino-Deus que se fez Homem, anunciou e o que a Sua Incarnação significa: Deus ama-nos e quer estar no meio de nós, para que nós estejamos n’Ele.