Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

27 novembro 2010

Vigiai!!!

O apelo não é novo. Para vigiar é preciso estar desperto, acordado... porque não sabemos o dia nem a hora. Noctívagos, às vezes, pelos dias da vida, precisamos de algum impacto para acordar para esta necessidade: vigiar...
Vigiar é uma atitude própria da noite, para depois andarmos dignamente como convém em pleno dia. É curioso pensar nesta antítese do vigiar na noite, para viver em pleno dia... luz e trevas, noite e dia, escuridão e claridade, estar com sono e estar desperto... o tempo de advento é o tempo mais típico do cristão: aquele em que vive a tensão permanente da sua vida de forma especial, na expectativa da iminente vinda do Senhor, em que mais plenamente se decide a caminhar na Sua Luz...
É Ele a nossa luz...
É Ele quem dissipa as nossas trevas...
É Ele a madrugada que põe fim à noite
em que vivemos, e nos leva ao pleno Dia,
libertos para sempre dessa escuridão,
à claridade da Sua luz,
abandonando a sonolência,
despertando para a eterna Aurora...
Maranatá...

17 novembro 2010

Hoje em mim

A noite caiu conferindo ao dia um misterioso adjectivo: passado. Passado porque chegou ao fim. Passado porque hoje foi um dia novo. Passado porque eu próprio chego ao final «passado». Cada pessoa que passa diante de nós é uma espécie de desafio que Deus nos apresenta: que sejamos capazes de a escutar, de lhe responder, de abraçar, numa palavra: de amar. Os diversos centros sobre os quais gravita a nossa vida têm este eixo comum: quem nós somos, lubrificados pelo amor de Deus, que passa pelos outros, e também por nós próprios.
Muitas vezes não temos respostas. Aliás frequentemente temos mais perguntas do que respostas. A dúvida assalta-nos. É metódica, diria R. Descartes. Por mais que tentemos ser ou fazer melhor nem tudo depende de nós. Concomitantemente a cada um de nós é pedido que sejamos capazes de entender aqueles que passam pela nossa vida. Às vezes sabe bem deixar tudo nas mãos Dele, para que seja Ele a decidir o melhor. Fazendo tudo aquilo que depende de nós, confiamos porém que a nossa felicidade está mais além... está garantida. Não apenas através do nosso esforço. Não por um qualquer seguro. Mas únicamente por dom de Deus, que aliado ao nosso labor, garante, como um selo de garantia que não falha, a felicidade.
Não sabemos o que irá acontecer amanhã. Não adianta pensar demasiado naquilo que foi a nossa vida até aqui. A única coisa que realmente está nas nossas mãos é fazer do agora o momento de abertura à graça divina, qual sol que fará germinar a semente de amor que hoje lançámos. Nem somos donos do mundo, nem de ninguém, nem dos outros. Em última análise, nem sequer somos donos de nós próprios. Na mão de Deus colocámos os nossos anseios, as nossas esperanças, as nossas dúvidas e também os nossos pecados, erros, dores e limitações. A nossa fraqueza consciente é Nele tornada uma fortaleza inexpugnável.
O mundo pode acabar. Podem nem todos entender o que fazemos. Alguns podem mesmo pensar que somos ingénuos. Mas Ele se encarregará de dar um sentido ao sem sentido do quotidiano. Aliás, Ele é o sentido, Ele é que vem ao nosso encontro todos os dias, é Ele que pede para ser amado em cada um dos que passa diante de nós. Não porque Ele precise. Mas porque nós precisamos urgentemente de descobrir que fomos feitos para amar, não a nós próprios apenas, não aos nossos amigos apenas, não apenas àqueles que nos convém, mas a todos os que estão fora de nós: só assim seremos capazes de superar o sem sentido aparente e a finitude das coisas.
Deus nos livre do dia em que nos considerarmos perfeitos e só aceitarmos esses a rodearem os nossos assentos. A maravilha da vida e a ânsia de eternidade que nos habita só poderá encontrar uma resposta se formos capazes de aceitar a nossa condição: imperfeitos, limitados, fracos. Mas a resposta é Ele Quem a dá, e somos nós que nos deixamos responder.

01 novembro 2010

FELIZES!

Felizes, felizes, felizes… assim (n)os dizia Jesus hoje.


Vale a pena partilhar o que outro partilhou e continuar a fazer ressoar os ecos daquela montanha:

Tal como a mãe se alegra com as dores do parto, e se sente já feliz pela vida que vai nascer, ou como o atleta corre feliz motivado pela ânsia de subir ao pódio, mas só aí se sente realizado, também o cristão neste dia se recorda de que a felicidade que sente nesta vida é em vista de outra muito maior e melhor, que supera a fertilidade de toda a imaginação, por se saber nas mãos Daquele de Quem ninguém o pode retirar… e sabe e sente que a sua verdadeira felicidade ainda não é aquela que vai sentindo. Filhos de Deus, é isso que nós somos… e quantos não sentimos ou não nos comportamos com orgulho por tal… DEUS É SANTO também nos seus santos, nos seus filhos, apesar das nossas misérias… palavras para quê?