Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

24 setembro 2007

"Tende cuidado com a maneira como ouvis"

Apenas pode sentir a falta de Deus quem já experimentou a sua presença. E quando isto acontece é um sinal do agir d'Ele na nossa vida. Não é meu o pensamento. Partilho-o com o seu autor, e convosco... Jesus fala hoje da presença de Deus. Não é difícil de compreender o que Jesus quer dizer: ninguém acende uma lâmpada para a tapar de modo a que a sua luz não se veja. A lâmpada acesa ilumina o que está ao seu redor. Quem age como filho da luz é esta espécie de lâmpada e as suas obras não são ocultas. Elas iluminam aqueles que nos rodeiam, e nenhuma das nossas obras é oculta. A advertência com que Jesus termina não nos deixa indiferentes: "tende cuidado com a maneira como ouvis". É que nem sempre ouvimos tudo da forma como Jesus ouviria. Às vezes ouvimos pensando que connosco é diferente... Deus quando passa na vida de uma pessoa não nos deixa ouvir de outra forma que não seja conforme ao Seu coração. Há dias em que não deixamos Deus falar, outros em que Ele fala e nós não o escutamos... A maneira como ouvimos há-de ser sempre conforme à Sua vontade, para que a nossa vida brilhe como luz diante dos irmãos, para que O glorifiquem.

22 setembro 2007

Há coisas do outro mundo...

«Como podes ter a certeza do que queres fazer? Sim, como podes tomar uma decisão que afecte desta forma a tua vida, numa idade ainda jovem?!» Nos últimos dias tive alguns diálogos com pessoas diferentes que começaram, ou a dada altura se encontraram nestas mesmas inquietações. Chegam também notícias de profissões monásticas... Como podemos estar certos de que não nos enganamos?
Ao longo da nossa vida as nossas decisões reflectem-se. Com umas perdemos e com outras ganhamos, para usar uma linguagem do lucro. Ocorre-me a pergunta retórica de Jesus: "De que serve ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder tudo?"... Ou ainda um outro pensamento de alguém, que não muitos tiveram ocasião de escutar, mas que se expremia da seguinte forma: "Tudo é efemero e passageiro. A nossa fé pelo contrário é uma espécie de seguro que fazemos para o outro mundo" e prosseguia, mas o que queria relembrar está contido nestas palavras.
À luz da fé decisões insensatas aos olhos de muitos, ganham sentido, pois o que parece louco e insensato aos olhos do mundo é que Deus escolheu para confundir a sabedoria, chamando o que nada vale a seus olhos, mas que aos Seus olhos há-de ser instrumento de amor. Mas atrevo-me a colocar outra hipótese: mesmo sem fé estas decisões são assim tão insensatas?! Já não somos livres de fazer escolhas duradouras quanto a nossa vida o permite?
De facto na sociedade actual ninguém se compromete com nada por muito tempo. É só pelo tempo que nos convier. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, mas ao passo que Ele se compromete connosco desde o ventre materno, para nos chamar a todos à salvação, nós arranjamos desculpas para não nos comprometermos. O futuro é incerto. Emprego e família são tantas vezes uma dicotomia que poucos conseguem harmonizar. Talvez por isso quando aparece alguém que se decide pelo celibato, respondendo ao Apelo, e que como modo de vida se consagra ao serviço do Reino, isso pareça uma coisa do outro mundo. Do outro mundo, de facto é, mas toda a vocação do ser humano é isso mesmo, uma vocação a um outro mundo.
Quem dera que nos nossos corações, de homens e mulheres, verdadeiramente deste tempo, nascesse a disponibilidade para compromissos eternos à imagem e semelhança do próprio Deus. E ainda que esse caminho humanamente entendido pudesse falhar, há algo que vem de Deus e não falha: a nossa vocação comum à felicidade, à santidade, à comunhão eterna com Deus...
Qualquer que seja o caminho a seguir, pode ser que mais tarde ou mais cedo nele venham a aparecer dificuldades, mesmo tantas e tais que obriguem a que esse caminho seja alterado, mas importa saber em Quem colocamos a nossa confiança. E aí sim, ao contrário de tudo aquilo que é mundano e passageiro, Ele não falha. Nunca.
Mas a propósito vem a advertência do Evangelho: quem não é fiel no pouco também o não é no muito.

21 setembro 2007

Diário (1)


A ausência de algumas pessoas na nossa vida vai criando um vazio tão grande que parece não ter fim. É incrível como conseguimos por vezes distanciar-nos de uns, ou desligar de outros. E mais, parece que nada disso nos faz falta... parece que nada nos faz voltar ao caminho que deixamos. Diz um provérbio oriental que não se deve deixar crescer a erva na porta de um amigo, de um irmão... Mas o que fazer quando a erva começa a ganhar força e a brotar da terra, apagando a trilha que outrora serviu para fazer chegar ao outro o sangue que batia através do coração?!
Em momentos tais, apetece gritar como aquele que se sente abandonado na beira do caminho: Jesus, Jesus! Preciso de Ti...

17 setembro 2007

Diário (0)

Quando estamos quase a terminar umas férias queremos e temos a sensação de ter de aproveitar todos os momentos até ao ultimo milésimo de segundo. É assim ano após ano... cada vez que acontece este fim de férias, acontece um apertar miudinho do estômago. Não é medo. É uma espécie de ansiedade por reviver o ritmo anual habitual... ano após ano. Falta mais ou menos uma semana para terminar este horário livre de imposições agendadas, daí estes pensamentos soltos, sem grande nexo. Tal como a minha cabeça nesta altura. Sem grande nexo de pensamentos...
Há uma ideia disparatada que todos os anos antes do começo das aulas me ocorre, a mim que nem me sinto dos mais cábulas, porque não haveria de ser ao contrário?! Este tempo que passou de aulas, e o tempo que vem de férias! Não é por nada, mas no fim das férias é que se vê que muito mais havia para fazer, muito mais haveria... muito mais houvera...
Desculpem a desconexão. Ainda são férias!