Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

25 janeiro 2006

"Deus caritas est"

Depois de ter lido a primeira Encíclica do Papa, gostaria de convidar aqueles que tiverem tempo (ainda demora um bom bocado) a ler. Vale a pena!
A fé, que toma consciência do amor de Deus revelado no coração trespassado de
Jesus na cruz, suscita por sua vez o amor. Aquele amor divino é a luz —
fundamentalmente, a única — que ilumina incessantemente um mundo às escuras e
nos dá a coragem de viver e agir. O amor é possível, e nós somos capazes de o
praticar porque criados à imagem de Deus. Viver o amor e, deste modo, fazer
entrar a luz de Deus no mundo: tal é o convite que vos queria deixar com a
presente Encíclica.(n.º39)

Quem sabe um dia não chego lá?...


Os desencontros que a vida nos provoca e as constantes chatices às vezes deixam-nos "abananados", provocam a nossa estupefacção e deixam-nos assim... como um barco que navega sem rumo e ao qual as marés impelem, bem como os ventos... Não sei se convosco acontece o mesmo... mas, eu dou comigo muitas vezes a ir para onde nunca julguei ser possivel... não falo propriamente de locais, mas de atitudes... ou seja, é mais a fazer aquilo que nunca julguei fazer... ou então fazer e concluir que foi uma tremenda asneira... Dizemos que ao mal feito, já não há remédio... senão o bem que pudermos fazer para o remediar, digo eu! Não sou perfeito, tenho-o cada vez mais presente na minha vida... cada vez mais me confronto com a minha simplicidade. Diante dela, sou eu próprio que estou... sozinho, sem mais ninguém, sem mais farsas, sem mais coberturas... só nós, só eu... diante de mim: este sou eu. Acho que aqui é o lugar onde fica o "quarto" do nosso íntimo. Penso e repenso, mudo e volto a mudar, faço um propósito, desfaço outro... caminho e caio, caio e levanto-me, de novo tropeço e logo me magoa uma pedra qualquer do caminho... Também eu percorro o caminho que todos os dias me leva e trás... como é difícil assim andar... Hoje é um daqueles dias em que senti o peso da caminhada de uma forma especial... em que senti como uma flor pode murchar e morrer se não tratarmos dela, em que senti quão breve pode ser a alegria e em que vi que a nossa via, longe de ser um caminho recto, é um entrelaçado de encruzilhadas que vamos percorrendo... onde nos vamos perdendo e encontrando, onde vemos o sol, mas também onde sentimos o frio do gelo, a geada, a neve que por branca e macia que seja, se torna também fria... e muitas vezes mata a vida onde cai... mas também a protege... A nossa vida é um eterno paradoxo... (digo eterno, enquanto me refiro à limitação temporal da nossa vida neste 3º calhau a contar do Sol) Sinto-me bem, mas logo me sinto mal... que coisa complicada é a vida... às vezes assalta-me a dúvida (!!!) mas também o desalento... falta-me a força para caminhar... falta-me o ânimo, o sopro da vida... Mas apesar de tudo continuo a caminhar. Sinceramente não sei se estou a subir ou a descer... mas caminho. caminho porque não sei fazer outra coisa. Se as pedras do caminho me fazem tropeçar, logo as flores e a sombra que encontro me dão alento... se a poeira do caminho me suja e me consome de sede, a água das fontes sacia a minha sede e ajuda a lavar-me. Em tudo, mais que um fim está um principio, basta encarar-mos assim a nossa vida... mas... sim, bem sei que não é fácil... eu também nem sempre consigo... mas todos os dias tento. Havia um rapaz que, conta-se, treinava todos os dias para os jogos olímpicos, mas nem correr sabia direito... Um dia perguntaram-lhe: "para quê todo esse esforço se nunca irás às Olimpíadas?" ele respondeu: "talvez nunca consiga não sei sequer correr, mas tento todos os dias fazer o melhor que posso, quem sabe um dia não chego lá?... "

21 janeiro 2006

Onde Deus quer que eu esteja...

Um dia destes uma amiga mandou-me um mail com uma apresentação daquelas que tantas vezes circulam pela internet. Mais uma das que recebi... mas esta tocou-me especialmente:"Onde Deus me quer". Como é possivel que tantas vezes me esqueça que não estou sozinho. Deus está comigo, acompanha-me. O Seu interesse por nós começou muito cedo. O hagiógrafo anotou esta preocupação de Deus pelo Homem desde a criação, colocando na Sua "boca" uma pergunta que Ele nos faz todos os dias: "Onde estás?"...
E nós estamos... ocupados?! indisponíveis?! a tratar dos nossos problemas?!

Quantas vezes no meu caminho
sigo, assim, simples passageiro
E me sinto pois sozinho
Como errante caminheiro

Procuro apoio, sustento, companhia
Penso ir sozinho, noite e dia
E não vejo, quem, nos espinhos,
alivia e me ajuda, por caminhos

Em que Tu, Jesus, meu Deus
Acompanhas os filhos Teus
E, quantas vezes os carregas

Salvando-os dos perigos
Libertando-os dos castigos
Com Teu Amor, dando a vida.
(10/01/06)

Ou será que o oleiro não pode fazer do mesmo barro um vaso de uso nobre e um vaso para uso vulgar? Rom 9, 1

Tu, porém, nosso Deus, és bom e verdadeiro, és paciente e tudo governas com misericórdia. Mesmo se pecarmos somos teus, porque conhecemos o teu poder. mAs não pecamos sabendo que te pertencemos. Sab 15, 1-2

19 janeiro 2006

Actualizar?! Escrever mais?!


Ora pedem-me os fãs que actualize o meu blog... Informo pois que estou a proceder à mesma. Tenham calma ;) afinal foram apenas alguns dias sem escrever!!!

10 janeiro 2006

Será tudo um fim?!

Este texto é da minha autoria, mas prometo em breve revê-lo e torná-lo mais interessante...

Aquilo que para nós é um fim, nas mãos de Deus é uma oportunidade de criar algo de novo. Não concordas?!
Ao longo da nossa vida, desde que nascemos até que morremos, são muitas as etapas que têm um fim:
Chega ao fim o tempo de gestação, mas nascemos para a vida...
Chega ao fim o tempo em que somos amamentados, mas começamos a comer...
Chega ao fim o tempo em que os nossos passitos precisam de apoio, mas começamos a descobrir a nossa realidade envolvente...
Chega ao fim o tempo em que nos exprimimos por choros e outras "coisas" inefáveis, mas começamos a falar...
Chega ao fim o tempo em que apenas brincamos, mas começa a escola...
Chega ao fim o tempo de crianças inocentes, mas começa o tempo de adolescentes e jovens...
Chega ao fim o tempo em que procuramos conforto apenas nos braços da Mãe ou do Pai, mas encontramos outros amigos...
Chega ao fim o nosso tempo de estudos, mas começa o tempo em que aprendemos a trabalhar por nós...
Chega ao fim a dependência dos nossos pais, mas começa a nossa vida adulta...
Chega ao fim o nosso tempo de irresponsabilidade, mas começamos a construir e a conhecer as nossas responsabilidades...
Chega ao fim o tempo em que encaramos a vida sozinhos, mas começamos a viver em função de um compromisso ou de alguém, fazendo da nossa vida um dom...
Talvez chegue o tempo em deixamos de precisar que olhem por nós, mas precisamos de olhar por outros...
Chega ao fim o tempo em que olhamos por outros, mas começam outros a olhar por nós...
Chega ao fim o tempo de trabalhar, mas começa o tempo de descanso...
Chega ao fim a vida, mas começa a Vida sem fim...

Afinal, em tudo Deus criou algo de novo, mesmo quando tudo parecia ter acabado. E porquê? Porque Deus te ama loucamente! Toma consciência disto e ajuda os outros a tomarem também consciência... Mas não te preocupes, mesmo que não tenhas dado conta até agora, Deus vai mostrar-te que de facto te ama.

09 janeiro 2006

In epiphania Domine

Tu mostras-Te.
Eu, mesmo não sendo Rei
Nem mago (a minha magia é fraca)
Nem sequer alguém do Oriente importante...
Quero vir a Ti:

Não tenho o Ouro
mas reconheço-Te como Rei
Não Te ofereço incenso
Mas sei que Tu és Deus,
Nem mirra,
Mas Tu, de facto feito Homem,
vens ao meu encontro.

Fáz-me semelhante a Ti,
na pequenez do presépio.
Aceita o ouro da minha vontade
Aceita o incenso da minha oração
Aceita a mirra do meu ser homem.

Mostra-me a estrela...
Essa luz que me guiará
ao sacrário do estábulo de Belém.

Quero na minha vida
Adorar-Te e louvar-Te
Aceitar-Te e Amar-Te...

Amar-TE porque sem Ti nada sou
Louvar-TE porque és Deus
Aceitar-TE porque preciso de Ti
Amar-TE porque Tu me amaste primeiro...

05 janeiro 2006

Tenho sede. Nesta dia há muitas fontes. Na verdade, de quantas fonte bebemos nós?! De muitas... E quantas vezes ficamos ébrios? Não se torna nada fácil às vezes discernir qual a fonte que mana e corre através da noite escura...
Quantas vezes pensamos estar a beber da fonte, ou melhor, da Água Viva e, não estamos senão a beber um rasco refrigerante?! Mas no fundo queremos beber da Àgua Viva...
"Dá-me, Senhor, dessa água". Mas parece que é necessário conhecer o dom... e também Aquele que muitas vezes vem até nós e nos pede "Tenho sede. Dá-me de beber"... Às vezes é mesmo complicado de perceber... como é que eu próprio que tenho sede, vou dar de beber?! A realidade ultrapassa em muito estas palavras, mas querem significar isto mesmo: Tenho sede.

Dá-me dessa água viva
Tu, ò Fonte...
Tenho sede
Sei de quê...
Mas quantas vezes não encontro,
Não sei, nem vejo:
é noite...
Mas nessa noite
Vem, ò Luz
Ilumina a minha vida
Sacia a minha sede
Mata a minha fome
Sê para mim O mais íntimo,
que no íntimo me preenche.
Busco-Te,
Faz-me encontrar-Te
- Sim, mesmo na noite -
E que eu possa dizer
Bem seu sei a fonte que mana e corre
(Embora seja noite).
Rasga em mim uma nascente
Torna-me num regato,
faz-me para os outros
Caminho para Ti...
Mesmo se como caminheiro
sem bússula, sigo...
Sê para mim a Estrela-guia
o Horizonte
a felicidade
e sim, finalmente, Meta.
Sou Teu,
Mendigo, à porta das noites escuras
mas que quer chegar à manhã
Manhã sem tarde que se lhe siga
mas princípio sem fim,
partida sem chegada
de um tempo,
em que Tu, Amor-outro,
saciarás a sede que aí terá fim,
e então, vem Àgua Viva,
inunda-me: sou Teu.

03 janeiro 2006

O que tenho de novo é o jeito de caminhar





Na vida somos muitas vezes levados a situações que não sonhamos sequer serem possíveis. Mas de que nos adianta sonhar? Será que algum dia os nossos sonhos serão reais?! È belo viver... é bela a vida... sim, mas não me serve uma vida sem sentido. Procuro um sentido único, um sentido que possa seguir sem voltar para trás... mas não, vejo-me forçado a dizer mais uma vez como outro alguém já disse: o caminho faz-se caminhando e a vida faz-se vivendo... A minha meta... que curioso... sei a partida, mas desconheço a chegada... de facto acho que a chegada será um dia, longínquo ou não, mas um dia será..., e nesse dia poderei olhar para a partida e para a chegada e poderei dizer: fui feliz. Espero que sim, que um dia possa olhar o mundo que criei e onde fui actor sem papel, e dizer: fui feliz, eis-me aqui: ajudei quem precisou, olhei mais para os outros que para mim, não procurei nunca ser egoísta, mas procurei sempre dar-me até ao fim. O maior pecado que poderei encontrar, é aquele que já conheço: as faltas de amor. Não do amor-light, não, mas do Amor que é no fundo o Próprio Amor. Mas sei que Tudo posso n’Aquele que me sustenta...

Dá-me um coração puro,
um coração que saiba amar
um coração que saiba reconhecer-se pequeno
mas que saiba cada dia crescer
... Crescer porque mais amou
Porque mais se entregou,
Porque mais Te reconheceu nos outros
Porque a Ti buscou
A Ti achou
E a Ti se entregou
E nunca mais Te deixou...

Coloca à minha volta um jardim,
Onde brotem as mais belas flores
As flores que eu semeie no caminho...
Sim, torna-me um jardineiro,
Que cuide das rosas que colocas no meu caminho…

Mas, se achares que é demais,
assim um jardim
Dá-me um pequeno pedaço de terra
E sê em mim a Água viva
Que fará florir as sementes
Num pequeno vaso de barro
Neste pequeno pote partido
E molda-me,
molda-me como se fosses o Oleiro
E eu o barro,
a argila da terra
A mais tosca terra...

E porque das pedras podem surgir filhos
Toma-me como um Pedreiro...
Desenha em mim,
Com o cinzel do Teu Amor,
Uma pequena estátua
Mas que embora pequena,
Seja cada vez mais perfeita,
E vendo-a, Te possam louvar.

Como um pequeno grão de areia
Como uma pequena poeira
Faz-me Senhor.
Sou Teu, faz de mim o que queiras
Tudo quanto fizeres eu o aceito.
Transforma a minha vontade
De pródigo filho,
à Tua imagem...
Então poderei exclamar: sou feliz

No dia em que a noite não se seguir,
No Dia sem fim
Aí, possa louvar-te
Também sem fim.

Olha, desenrasca-Te...
Eu estou aqui, faz de mim o que queiras…