Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

25 janeiro 2006

Quem sabe um dia não chego lá?...


Os desencontros que a vida nos provoca e as constantes chatices às vezes deixam-nos "abananados", provocam a nossa estupefacção e deixam-nos assim... como um barco que navega sem rumo e ao qual as marés impelem, bem como os ventos... Não sei se convosco acontece o mesmo... mas, eu dou comigo muitas vezes a ir para onde nunca julguei ser possivel... não falo propriamente de locais, mas de atitudes... ou seja, é mais a fazer aquilo que nunca julguei fazer... ou então fazer e concluir que foi uma tremenda asneira... Dizemos que ao mal feito, já não há remédio... senão o bem que pudermos fazer para o remediar, digo eu! Não sou perfeito, tenho-o cada vez mais presente na minha vida... cada vez mais me confronto com a minha simplicidade. Diante dela, sou eu próprio que estou... sozinho, sem mais ninguém, sem mais farsas, sem mais coberturas... só nós, só eu... diante de mim: este sou eu. Acho que aqui é o lugar onde fica o "quarto" do nosso íntimo. Penso e repenso, mudo e volto a mudar, faço um propósito, desfaço outro... caminho e caio, caio e levanto-me, de novo tropeço e logo me magoa uma pedra qualquer do caminho... Também eu percorro o caminho que todos os dias me leva e trás... como é difícil assim andar... Hoje é um daqueles dias em que senti o peso da caminhada de uma forma especial... em que senti como uma flor pode murchar e morrer se não tratarmos dela, em que senti quão breve pode ser a alegria e em que vi que a nossa via, longe de ser um caminho recto, é um entrelaçado de encruzilhadas que vamos percorrendo... onde nos vamos perdendo e encontrando, onde vemos o sol, mas também onde sentimos o frio do gelo, a geada, a neve que por branca e macia que seja, se torna também fria... e muitas vezes mata a vida onde cai... mas também a protege... A nossa vida é um eterno paradoxo... (digo eterno, enquanto me refiro à limitação temporal da nossa vida neste 3º calhau a contar do Sol) Sinto-me bem, mas logo me sinto mal... que coisa complicada é a vida... às vezes assalta-me a dúvida (!!!) mas também o desalento... falta-me a força para caminhar... falta-me o ânimo, o sopro da vida... Mas apesar de tudo continuo a caminhar. Sinceramente não sei se estou a subir ou a descer... mas caminho. caminho porque não sei fazer outra coisa. Se as pedras do caminho me fazem tropeçar, logo as flores e a sombra que encontro me dão alento... se a poeira do caminho me suja e me consome de sede, a água das fontes sacia a minha sede e ajuda a lavar-me. Em tudo, mais que um fim está um principio, basta encarar-mos assim a nossa vida... mas... sim, bem sei que não é fácil... eu também nem sempre consigo... mas todos os dias tento. Havia um rapaz que, conta-se, treinava todos os dias para os jogos olímpicos, mas nem correr sabia direito... Um dia perguntaram-lhe: "para quê todo esse esforço se nunca irás às Olimpíadas?" ele respondeu: "talvez nunca consiga não sei sequer correr, mas tento todos os dias fazer o melhor que posso, quem sabe um dia não chego lá?... "

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