Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

29 janeiro 2008

Uma página de um diário...

Partilho-a convosco.
Se tivesse que percorrer na minha memória o pensamento mais luminoso que me envolve, ele seria hoje o mais tenebroso. Isto falando humanamente. Deixo de lado Aquele que hoje não quer nada comigo. E também lembrando outro alguém que não quer ser lembrado. Hoje alguém se cruzou comigo, e embora tenha ido embora, ficou, como sempre, dentro do meu coração. Pela atitude demonstrada percebi rejeição. Percebi, porque Deus me fez perceber assim. Às vezes pergunto-me porque terá Ele permitido tal situação. Sempre a velha e acertada, por vezes, resposta da liberdade. Mas e onde a liberdade não age?! Onde nos vemos condicionados por uma mera convivência com algo que somos nós, mas que não queremos... ai, onde está Ele? Onde está a tão proclamada liberdade?! Será que também existe? Na forma como aceitamos e vivemos as coisas, respondeu-me um dia uma amiga. Até concordo. Mas aí não é plena essa liberdade... Hoje pergunto uma vez mais a um Deus, que sei que me escuta, onde está a minha felicidade? Perante o sofrimento todas as ideias que temos se transformam. Porque nada nos afecta mais interiormente do que o sofrimento... Mesmo psicológico... diria sobretudo esse. Hoje, no final de mais um dia, sinto-me ferido de morte... capaz de encher imensos caixões com os restos mortais de algo que antes preferia que não voltasse à vida... As palavras são como espadas. Mal usadas podem ferir gravemente. Sem serem utilizadas possuem a capacidade de serem mesmo letais... Que estranha esta condição humana que nos faz sentir tão impotentes. Se pudesse criar de novo o Homem, havia de o criar sem angustias existênciais, nem problemas para resolver. Talvez lhe retirasse também a capacidade de amar quem não deve. Porque não criar um Homem que em si mesmo fosse plenitude e nada exterior lhe provocasse desejo?! Na noite, nesta lua e naquelas estrelas vejo o brilho de olhos que choraram. Na chuva que cai, as lágrimas inutilmente derramadas. Na sombra o rosto dela, o rosto daquela que me faz sentir tão pequeno, que o mais pequeno me parece maior... Enquanto girar a terra, há-de continuar a bater o meu coração por ela. Eu serei a terra, de quem ela é o sol...
Anónimo

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