Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

31 maio 2008

"Contemplari et contemplata aliis tradere"

As palavras que hoje te digo, grava-as no teu coração, na tua alma, ata-as à mão como um sinal e sejam como um frontal diante dos teus olhos, assim começa a leitura que hoje escutamos do livro do Deuteronómio. E mais, Deus diz-nos que seguir os seus mandamentos é fonte de bênçãos. Não podia ser de outro modo. Quem segue a Palavra do Senhor não se engana, nunca se verá desamparado. Mas pode enganar-se. Podemos enganar-nos. Umas vezes porque não temos claro que Jesus Cristo é para nós a Rocha onde podemos construir sem medo, porque nenhuma tempestade nos pode abalar. Outras vezes, porque mesmo sabendo, nos deixamos levar por caminhos mais fáceis, por atalhos.

Mas tende coragem e animai-vos vós todos os que esperais no Senhor, faz-nos cantar o salmo, porque não serão confundidos os que Nele esperam. Os nossos conhecidos, vizinhos, amigos, parentes, irmãos, até o pai e a mãe, nos poderão desiludir, mas não o Senhor. Ele é para sempre o nosso refúgio. E pela Sua justiça nos há-de salvar. Não é esta justiça a nossa. Se fosse seria o céu na terra. A Sua justiça é aquela que vê mesmo aquilo que nenhum de nós é capaz de ver. Mas podemos pedir a Sua justiça.   Paulo na 2ª leitura diz aos Romanos que a justiça de Deus vem pela fé em Jesus, ora esta fé não é senão o conhecer uma pessoa que tem um rosto e viver da vida dessa pessoa: esta pessoa é Jesus Cristo, é o rosto de Deus, que Se mostra assim à humanidade. Um Deus que de graça nos salva, um Deus que nos dá o Seu Filho e pelo Seu sacrifício na Cruz obtém para cada um de nós, manifestando assim a Sua justiça. Diferente da nossa. Foi O Justo que pagou por cada um de nós, pecadores. Não podemos compreender totalmente esta dádiva. Sabemos que vivemos dela, mas não a conhecemos senão pela experiência que somos chamados a fazer. Vivendo cada dia mais e melhor como imagens de Deus, com os seus ensinamentos como Luz, aí então sim, estaremos a abrir caminho para chegarmos a compreender este Deus, que Se fez um de nós, que entregou o Seu Filho, e que nos convida a sermos, cada um de nós, essa oferta para os outros.

Poderão porventura muitos achar louca esta lógica dos cristãos. Esta não é a forma de vida da nossa sociedade. Mas há-de ser cada um de nós a marcar a diferença. A fazer a vontade do Pai que está nos céus. E que vontade é essa? É que permaneçamos unidos a Cristo, como a os ramos à videira, para que demos fruto abundante. Assim, ouvindo as Suas palavras e pondo-as em prática, somos os construtores de algo novo: poderão soprar os ventos, as tempestades, tremer a terra, mas a nossa construção permanecerá. Está fundada em Jesus Cristo, na Sua Palavra, a Palavra de Deus. Não construir sobre a Rocha, a Pedra Angular que é Jesus Cristo, é como construir na areia, sem fundamentos. E a casa cairá ao mínimo sopro de vento. Não bastam as palavras. Nem mesmo falar em Seu nome. É preciso dispormo-nos a viver segundo a Sua vontade, e não de acordo com as nossas conveniências.

Cristo hoje de novo nos diz: coloco diante de ti o bem e o mal. Escolhe o bem e viverás. Porque nem todo o que Lhe diz Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus. Apenas aqueles que souberem praticar desde já a justiça de Deus, e não a iniquidade. Eu quero a misericórdia mais que todos os sacrifícios – diz o Senhor. Aprendamos do Senhor que é manso e humilde de coração. O Seu jugo é suave. A Sua carga é leve. Que o Senhor abra os nossos corações à Sua Palavra, para que a vivamos em actos e na verdade.

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