Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

04 novembro 2009

Assumir a Cruz

A melhor forma de prepar a morte é vivermos santamente a vida. Disto mesmo dá testemunho a Palavra de Deus que hoje escutámos. Paulo dirigindo-se aos Romanos, exorta-os, e a nós também: «Não devais a ninguém coisa alguma, a não ser o amor de uns para com os outros, pois, quem ama o próximo cumpre a lei. De facto, os mandamentos que dizem: Não cometerás adultério, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e todos os outros mandamentos, resumem-se nestas palavras: Amarás ao próximo como a ti mesmo. A caridade não faz mal ao próximo. A caridade é o pleno cumprimento da lei.» É suficientemente claro para necessitar de uma explicação mais directa. O nosso dia hoje, neste momento, pela fé, faz-nos perceber a necessidade de vivermos veradeiramente a caridade. Ao mesmo tempo sentimos a dificuldade em assumir-mos que há de facto algo que devemos uns aos outros: o Amor que Deus nos tem e que nos leva a amar os irmãos, ou pelo Amor que Deus tem aos outros, devemos amá-los.
Daquele que assim proceder, diz o salmo «O seu coração é inabalável, nada teme». Esse põe a sua confiança no Senhor, coloca nele a sua justiça, ama os seus preceitos, sabe que não deve fazer mal ao seu próximo.
É claro que é bem mais fácil dizer do que fazer. Mas as palavras de Jesus no Evangelho de hoje iluminam-nos mesmo assim: «Quem não toma a sua cruz para Me seguir, não pode ser meu discípulo». Quiseramos que fosse mais fácil, quiseramos que tudo isto fosse possível sem cruz. Mas Jesus desafia-nos, como temos vindo a escutar no Evangelho dos domingos precedentes, a segui-Lo pelo seu caminho. Um caminho que conduz a Jerusalém, que passa pela cruz. Um caminho que só teremos seguido verdadeiramente se assumir-mos também a nossa cruz.
Pela fé acreditamos que este caminho não termina na cruz. Pela fé sabemos que o de Jesus não terminou na cruz. Pela fé esperamos que também o nosso há-de terminar com um começo: a noite da dor do Filho único de Deus, abre-se à luz pascal, e por isso hoje estamos aqui a implorar para este nosso irmão, cuja vida passou do meio de nós, o dom de Deus, o dom da vida eterna. Que o Senhor, bom Pastor, que nos faz caminhar em prados verdejantes, a quem temos por apoio, que prepara para nós a mesa e o cálice, mesmo diante dos nossos problemas, nos ensine a todos o caminho da vida, para que a seu lado, como hoje imploramos para o nosso irmão, vivamos, um dia, na plenitude Sua da alegria.

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