Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

06 janeiro 2010

Novo diário (1) Ano novo, a mesma vida

Ano novo, a mesma vida, nova tentativa de escrever este post, sem que o computador vá abaixo… Hoje foi dia de retomar o trabalho. Não porque o tivesse deixado, mas porque estive ocupado com outros trabalhos. Também não foram férias, à parte de não haver aulas para preparar, nem aulas para dar. Fiquei contente por ter terminado um trabalho que comecei em um ano e seis meses atrás. Quem dera já não ter de lhe voltar a tomar o sabor, mas claro, falta o ponto final. Porém nem só de retomas de aulas foi o dia. Antes disso já tinha retomado a estrada, as curvas, os telefonemas durante o caminho, o cumprimento do código da estrada, prudentemente verificado por duas brigadas que me saudaram… Andei pela primeira vez a pé sozinho numa distância mais considerável, cá nas bandas, e senti o frio do tempo, na cara, o calor das pessoas que encontrei, no coração, e o céu a ameaçar neve, que agora se veio revelar zangada connosco, ou mais vulgarmente, que foi comida pelo nevoeiro.

Também foi uma oportunidade para rever o horário e plano de vida. Sim, um verdadeiro documento ‘gráfico’ onde tenho distribuídos tempos, momentos, e formas de andar p’ra frente… Deu-me o riso com alguns dos meus objectivos, e atrevo-me a partilhá-los. O primeiro é o cumprimento diário do horário e plano semanal. Diariamente é suposto seguir uma catrefada de planos, marcações e coisas do género. Para uma ideia mordaz da questão diariamente tenho cerca de 9h atribuídas a um possível sono, 7h30 para trabalho, estudo e coisas afins, 3h de oração litúrgica e pessoal, e 4h30m para refeições, higiene e tempo livre… ainda estou para fazer o gráfico! Sim, o rapaz é afinado. Não fosse o segundo propósito/compromisso que quero partilhar convosco: esquecer o horário e compromissos um dia, uma vez por semana. Realmente, tanto trabalho, tanta planificação para no fim de contas chegarmos a isto. Não estou a brincar nem convosco, nem comigo. Explico: não posso deixar que um pedaço de papel, ou meia dúzia de folhas controlem a minha vida. Não sou escravo da planificação. E antes que lhe prometa fidelidade inviolável, vale mais deixar já claro que há um ponto de fuga. Só uma vez por semana. Outra vez por semana quero desligar-me do telemóvel e outros meios de comunicação afins, tipo, vulgo, internet. E depois a seguir queixar-me e ouvir as queixas dos meus amigos e amigas que dizem: mas olha lá, ainda és vivo? ‘tás mesmo no fim do mundo, nem o telemóvel atendes!!! Para que te mando eu mail’s? ou esta mais engraçada: quando precisares depois eu cá estou! Mudando de ritmo, uma vez por mês, quero fazer um passeio. Sem mais nada, sem nenhum objectivo concreto, ao sabor do tempo e das rodas do carro. Estejam atentos à estrada, quem sabe não apareço diante de vós, ou desviem-se, quem sabe não tenho tempo de travar!!! Esta é mesmo de rir, mas quero cumpri-la a sério, como pessoa séria e empenhada no meu bem-estar: uma manhã de desporto por semana… Depois há os propósitos de leitura e escrita. Ao menos um livro por mês e andar sempre com um caderno para alimentar as linhas de poesia que de vez em quando me lembro. Tantas vezes hei-de lançar olhares em verso, que certo dia algum há-de ser perfeito. Também quero actualizar mais vezes este blog, no mínimo duas vezes por mês.

Até parecia mal se não falasse do acontecimento que hoje marca o dia. Cá no sítio, idosos e crianças vieram encontrar-se com o menino Jesus no presépio. Como nesse tal acontecimento, estes reis trouxeram-lhe presentes. Até se ouviu um balido inocente de um cordeiro negro ao colo de um actuante pastor. E Jesus voltou de novo a manifestar-se a todos os povos como a Salvação de Deus. Já pela manhã tinha dito a pequenos e não tão pequenos quais eram os presentes que os do Oriente tinham ofertado ao menino Jesus. Ouro, incenso e mirra. E expliquei: hoje cabe-nos a nós oferecer-Lhe a mirra de sermos verdadeiras imagens de Deus, homens e mulheres criados como Ele nos quis (por vezes custa tanto aceitar isto, e vê-se cada coisa…); o nosso incenso é sermos capazes de ouvir Deus que nos quer falar, e falarmos com Ele, aquilo a que chamamos oração; e o ouro… esse teve várias tentativas de definição, mas eu sugiro uma própria: oferecermos-lhe a nossa vontade, afinal é essa mesmo que Deus precisa para fazer em nós maravilhas.

Resta dormir e esperar que amanhã seja outro dia assim: frio, quente, nevoeiro, luz, sombras, planos, viagens, conversas, aulas, reis, negros cordeiros, ouro, incenso e mirra. Amén.

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