Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

28 março 2011

Os dias que correm

Perdidos. Uma série dos dias que correm. Uma palavra dos dias que têm passado. Uma expressão de tantos e tantos que já me rodearam. Estarão esses ou eu? Ambos suponho. Caminhamos no frémito do momento que passa e não volta, dos dias que terminam, mude a hora, o lugar, o tempo, ou o simples momento. Sonhamos no sorriso daqueles que são felizes, morremos no desgosto daqueles que cada dia vão morrendo. E todos nós vamos morrendo. Aquilo a que chamamos vida para muitos está contido desde o instante zero da sua concepção, até à derradeira e última batida. Para alguns é apenas um mistério, cuja solução está longe de ser encontrada. Para uns quantos já começou e não terá fim. A vida. Sim, é ela que passa através dos dias que correm. Perdidos se não forem mais do que uma sequência que o ser humano inventou para explicar a mudança que experimenta. Perdidos se não acreditarmos em mais do que o acaso. Perdidos se aceitarmos que o não posso compreender é tudo o que nos resta experimentar na nossa breve pegada nesta casa a que chamamos terra. É fácil deixar correr o calendário. Diria mais, é animalesco. Levanta, come, dorme, e recomeça. Não deixa de ser estranho. Não deixa de ser mais uma forma de palavrear em rodeios. Descobrir o mistério que nos rodeia, admitir que mais além pode haver um novo sentido para tantos momentos, pessoas e lugares que julgamos já agora perdidos, pode ser uma forma nova de esperança, ou mais uma panaceia.
A vida nos dias que correm não passa. E a marca que deixa nem sempre é suportável. Deus, fonte e origem e meta, bem pode permanecer perdido Ele mesmo no meio de tantas e tantas palavras. As nossas, as minhas, que ora Lhe suplicam, ora O insultam, ora O ocultam, ora delas se serve para falar. O ser humano é tantas vezes um coração fechado, uma sede que não quer ser saciada, um amor que não aceita ter Origem. Quem dera fosse diferente, quem dera este deserto mostre apenas que há Água, outra Àgua, além da que cai do céu.

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