Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

09 janeiro 2008

Um rosto de Jesus Cristo hoje

O Rosto d’Ele na actualidade vai mais além do pequeno rosto de criança com que O imaginamos no presépio. Um pequeno bebé de origem judia, semita, não o de uma criança branca, como habitualmente o representamos. Mas naturalmente o Seu rosto é sempre sereno e a sua figura de uma beleza inconfundível. Isto deve-se ao facto de que já na filosofia platónica um dos transcendentais era a Beleza, que se identifica com o divino, e obviamente, para nós com Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. Representar o Filho, Jesus Cristo, com uma beleza cativante é sempre um acto de reconhecimento da Sua divindade.
“Na plenitude dos tempos, aprouve a Deus […] enviar o Seu Filho para nos tornar participantes da natureza divina”, por isso fez-Se homem, como os homens, assumiu na Sua divindade a nossa humanidade. Baixou à nossa condição finita, para nos abrir “a porta” para a Sua transcendência. Da Sua vida mortal recordamos sempre que passou fazendo o bem, socorrendo todos os que necessitavam, curando todas as enfermidades, do corpo e do espírito. Antes de sofrer a morte por nós, para nos restituir à vida divina, pois é, com efeito, na Sua Morte e Ressurreição que nos introduz na vida divina, fez-Se alimento por nós. Quis permanecer na espécie do Pão e do Vinho, na Eucaristia, que deixou aos Seus com o mandato de a celebrarem em Sua memória. Não deixou grandes exigências, pediu apenas que como Ele fez, fizéssemos também. O testemunho com que hão-de reconhecer que O seguimos é o amor que temos uns para com os outros, amando-nos como Ele nos amou. “E sabemos que O amamos se nos amamos uns aos outros”.
O dar a vida por todos e cada um de nós constitui o centro de toda a jornada de Jesus Cristo no meio de nós. Centro pela importância inigualável de um Deus, o Único Deus, que não bastando ainda a humilhação de Se fazer da mesma condição, aceita dar a Sua vida para nos libertar das nossas imperfeições, para mostrar a certeza de que a vida eterna começa já. Se o rosto de um Cristo que sofreu por nós, derramando o Seu sangue até à ultima gota nos impressiona, mais nos faz pensar a realidade gloriosa da Sua Ressurreição. Ressurreição que é para nós garantia da nossa mesma ressurreição, certeza da vida eterna, do amor de Deus para connosco, mas à qual acedemos apenas pela fé. Cristo Ressuscitado passou pela Cruz, pela Morte, mas venceu. A Sua vitória é mais, é a vitória do Seu amor sobre o mal no mundo, sobre o nosso pecado, sobre a nossa infelicidade. A claridade e o brilho do Seu rosto glorioso são o de Alguém que triunfa de tudo aquilo que nós sozinhos não conseguiríamos nunca vencer. O Seu esplendor passa a mostrar aquilo que nós esperávamos sem certeza, mas que n’Ele temos por certo: o viver eternamente no Amor que é Deus. Um Amor tão grande que O leva a “transbordar” ao ponto de Se entregar por cada um, pela Sua Criação. Mas o Seu rosto é já glorioso, está já liberto daquilo que é finito, é o rosto de um homem que vive já a plenitude da vida divina. É inevitável o contraste entre a Luz e as sombras. O Seu rosto é Luz e n’Ele não há trevas. Mas também o mundo e a nossa realidade desde então gozam deste início da vida eterna, deste início da Páscoa de todos e de toda a Criação.
Assim, Ele mostra-Se hoje de novo no calvário daqueles que sofrem injustiças, daqueles que não são felizes, de todos quantos cometemos faltas, de tudo o que se deixa submeter ao mal e ao pecado. Como O ignorar no preso, no doente, numa criança desprotegida, num vagabundo, num abandonado, naquele que é perseguido, em quantos são mortos sem razão, no que vive a guerra sem culpa, em tantos homens e tantas mulheres que desesperam nas suas vidas?! Ele está aí. Hoje esse é o Seu Rosto de Cristo sofredor.
Mas de tudo isto Ele triunfou, sabemos que tudo isto teve tem e terá solução em Deus. a Ressurreição de Jesus Cristo é a vitória sobre tudo isto, a prova determinante do poder de Deus sobre tudo e todos. Por isso o Seu rosto é um rosto já glorioso, que vemos mais facilmente nas situações agradáveis. Ele está ressuscitado em quantos vivem e amam a vida, em quantos são felizes, em quantos lutam pela justiça, pela verdade, dão a vida pelos seus semelhantes, em quantos salvam os que sofrem, no sorriso das crianças, mas também nas lágrimas de felicidade dos adultos... a Sua ressurreição abriu caminho a tudo isto, e começou o fim de tudo o que pesa sobre nós e sobre toda a criação.
O Seu rosto é também hoje a Igreja. A Igreja continua visivelmente aquelas acções de libertação, salvação, cura, reintegração que Jesus Cristo, Ele mesmo, fez na Sua jornada terrena. Sacramentalmente está presente na Eucaristia, que a Igreja, a comunidade dos crentes, celebra, ao mesmo tempo que ela nasce continuamente da Eucaristia, pois ninguém dá o que não tem... Se tantas vezes, porque homens e mulheres de condição finita, não fazemos o que Ele fez, é aí de novo que Ele se mostra crucificado, foi por isso que Ele deu a vida...
Veio a primeira vez na humildade da natureza humana, e de novo vem em cada Homem e em cada tempo, para que de novo O acolhamos nas nossas vidas, tão realmente como na Eucaristia. Onde dois ou três continuam a rezar, Ele vem. Quando se repõe a paz, o amor e a justiça, Ele está. No mais pequeno gesto de doação, Ele dá de novo a vida.Na simplicidade de um olhar puro, mostra-Se de novo ressuscitado como depois da Páscoa aos discípulos. No amor verdadeiro com que deixamos inundar os nossos corações, Ele continua presente para sempre, e faz de nós morada de Deus. O mesmo Deus que continua a amar tanto a Sua criatura, que nunca a abandona, e continuamente a chama para que O conheça e se saiba amada por Ele.
Eis o rosto de Jesus Cristo hoje: um rosto do Deus Amor, que não pode senão amar.

1 comentário:

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