Começamos a existir Naquele Sonho que faz realidade todos os outros, derramando o Seu amor, através do amor de dois seres humanos, e, no milagre da vida, descobri-mo-nos capazes de pensar, de amar, de chorar, mas também de sorrir. Misturando este sonho, agitado pela vida, assim pensamos... e do pensar a letra se faz, e da Palavra se recomeça de novo, como na Origem.

24 fevereiro 2009

Santo Desierto de San José de Batuecas


Desde o princípio da Reforma do Carmelo Descalço masculino, que Sta. Teresa de Jesus recordara aos frades para que tivessem presente aqueles Santos Padres do Deserto, nos que a Ordem teve a sua origem. A Santa queria frades, e queria-os contemplativos, submetendo à contemplação, a vida litúrgica e de oração, as actividades externas, e não ao revés. S. João da Cruz, protótipo do Carmelita Descalço, foi antes de mais uma alma contemplativa, amante da solidão e da penitência. Ele soube conjugar a actividade apostólica, com a exigência da vida retirada, orante e simples do Carmelo reformado. Fr. Tomás de Jesus promoverá a erecção canónica de conventos contemplativos que se chamarão “Desiertos”. O primeiro “Desierto” carmelita foi fundado em Bolarque (Guadalajara), em 1593, num sítio solitário e apartado do tumulto do mundo. Em 1599 foi fundado o Santo Desierto de San José de las Batuecas. Os Desertos acolheram frades desejosos de uma vida de maior recolecção, fosse permanente ou temporal. Os últimos, uma vez terminado o seu tempo no Deserto, voltavam aos seus conventos com um renovado fervor, convertendo-se em testemunhos edificantes para os seus irmãos de hábito, e promotores de uma maior e mais perfeita observância. De tal modo se viu a conveniência dos Desertos, que cada Província do Reino fundou o seu próprio deserto. A desamortización de Mendizábal (1835) trouxe a sentença de morte para os “Desiertos” e demais conventos carmelitas. San José de las Batuecas foi abandonado, como tantos outros, e apesar da restauração da Ordem, iniciada no Convento de Marquina, em 1868, o Deserto das Batuecas não foi recuperado. Em 1937, Santa Maravilhas de Jesus instalou-se aqui (tinha-o adquirido pouco antes da guerra) com uma comunidade de monjas. Será em 1950, quando se transladou a comunidade feminina para Cabrera (Salamanca), que será devolvido aos frades Carmelitas Descalços. Assim, a vida religiosa foi restaurada nas Batuecas (pelo venerável Fr. Valentín de San José), até hoje. Actualmente, o Deserto das Batuecas continua com a sua silenciosa missão no seio da Ordem e da Igreja. A sua missão, escondida e quase despercebida, é frutíferos dados os frutos que recolhe. A comunidade do “Desierto de las Batuecas” experimenta um novo despertar vocacional. Este género de vida suscita interesse. Por isso, foi concedido à jovem comunidade, presidida por Fr Ramón María de la Cruz, a faculdade de receber postulantes, que depois de fazerem o noviciado interprovincial no Desierto de las Palmas (Benicasim) e os estudos eclesiásticos, têm assegurada a conventualidade nas Batuecas. A vida mariana, simples, orante, pobre e trabalhadora do Deserto é atractiva nos tempos actuais, por isso o mosteiro dispõe de uma hospedaria para poder passar alguns dias. Também existe a possibilidade de se retirar a qualquer das eremitas dispersas pelos terrenos conventuais. Os frades oferecem acompanhamento espiritual mas não aceitam grupos, nem realizam actividades pastorais nos “pueblos” vizinhos.

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